…o Mediterrâneo é uma encruzilhada muito antiga. Há milénios tudo converge em sua direcção, confundindo e enriquecendo a sua história: homem, animais de carga, veículos. Mercadorias, navios, ideias, religiões, artes de viver” – Fernand Braudel, “O Mediterrâneo o espaço e a história”
O Mediterrâneo, o “mare nostrum” dos romanos, é o maior mar interior do planeta unindo três continentes, a Europa, a Africa e a Asia, uma superfície líquida de 3 milhões de km2 com 2000 ilhas, envolvida por um perímetro costeiro de 47 000 km.
Mas o Mediterrâneo não é apenas uma geografia, um clima ou um mar, é um espaço cultural, uma confluência de civilizações muito antigas que nos legaram formas particulares de vida em comunidade e patrimónios culturais diversos.
É um modo particular de ver, de pensar e de agir que influenciou todo o planeta.
Ao longo de milénios fatores geoclimáticos e outros atraíram grupos humanos que fugindo a secas, conflitos e fomes cíclicas se fixaram em zonas mais temperadas e férteis da região mediterrânica. Os rios foram as estradas para o “grande lago” onde também nasceram as três grandes religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo.
Neste espaço emergiram extraordinárias civilizações que desenvolveram produções, as ciências e as artes. Surgiram sociedades de agricultores, artífices e mercadores e foram fundadas centenas de cidades. A boa navegabilidade do Mediterrâneo permitiu um comércio intenso e o assentamento de “feitorias”, em regiões mesmo para além do Estreito de Gibraltar nomeadamente ao longo do litoral da Península Ibérica.
As cidades mediterrânicas possuem uma estrutura urbana destacando-se a importância dos portos, a presença de grandes mercados, praças e templos, de anfiteatros e diversões, uma imensa teia de ruelas estreitas indicando uma intensa vida comunitária, plena de relações de pertença e vizinhança.
Portugal guarda por todo o seu território testemunhos da presença de povos vindos do Mediterrâneo, sendo muitas cidades portuguesas fundadas na Antiguidade.
As expressões destas vivências criaram um estilo de vida, a que os gregos chamavam “díaita”, práticas conviviais e alimentares que constituem a “dieta mediterrânica”.